terça-feira, 20 de março de 2018

A fala do passado





Ontem acontece hoje
Ecos na mata ainda reverberam hoje
Saímos de cavernas e desaprendemos a viver
O passando fala línguas que ignoro

Meu corpo fala e quase não escuto
O silencio da madrugada berra em meus ouvidos
Como um bêbado insone
Que sabe que nada importa de verdade

Tenho memorias de amanhã
Que não ouso falar
E tangencio a loucura
Na crença momentânea deste devaneio

Sim ... Me permito crer por instante
Que passado, presente e futuro
É tudo a mesma nenhuma coisa
E a fala não esbarra ela roça e vai me levando

A não sei o que de não sei aonde
Ah! E a madrugada vai passando
E vou costurando cadencias de um despertar sonambulo
É como se hoje estivesse tão empregando de ontem

Que ele não acontece
E fica o dia assim raiando embaçado
Meio sem cor meio sem jeito de estar
Um desajuste contemporâneo de querer ser tudo
Mas o passado fala línguas que ignoro

A fala do passado
É meu jeito de estar existindo
Ver nos atos sem estar vendo