quinta-feira, 26 de maio de 2016

Conclusão ultima




Tela em branco
Pela metade entendi o que foi dito
Ontem
Pela metade

Tela em branco
Se hoje eu pudesse
Ah! Mas se eu pudesse
O futuro não seria uma necessidade

Seria o agora em lindíssimas paginas
Seriam todos os versos recitados
O absurdo transfigurado
Em realidade

As palavras não seriam palavras
Seriam coisas a esbarrar na vida
E de tal forma que o será não seria
Simplicidade de se viver a vida

Eu que não sou nada
Eu que me angustio diante das palavras
Faço meu perene gesto
Louvando todos as metáforas

Sim todas
Das mais ordinárias
As mais eruditas
Porque no fim meu amigo

O silencio é o que me basta





quarta-feira, 4 de maio de 2016

A ilha



Na barra do Rio de Janeiro
Há uma ilha solitária
Ilha rasa
Ilha de um farol antigo

Ilha de uma profundo verde
Que quando os marítimos passam
Quando o norte desce ao sul
Ela aponta um destino possível

O destino de casa daquele que navega
No eterno voltar dos que partem
Avisa a mãe que vou chegar
E o mar ficou na esteira de meu caminho

Vou tirar o sal do corpo
Tomar um banho
E relaxar alguns dias

Até que o dia chega
A saudade bate em meu peito
E o mar me chama
Impassível e solene

Avisa a mãe que vou partir
Como as ondas eu sou marítimo
Meu chão não é firme
Meus olhos carregam uma solidão crônica

Um nó atado na vida que levo
Cheiro do mar que não mareia
Sal que penetra na carne, nos poros
Vícios de linguagens não usuais

Permeiam meu dicionário interno
Eis que não sou mais o mesmo
Não sei mais viver ordinariamente
Preciso de um curso como quem come

Filho de dois mundos

Quando eu voltar da imensidão azul
A ilha solitária guiará meu destino certo
Olhos desta madrugada
Quando o barco adentrar a baia

estou indo pra casa!