quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Correndo pra vida


Corre que o ônibus já vem
Corre para sentar no lugar que te serve
Corre os apressados em vencer na vida
Corre corre dia a dia

Na primazia do um
O dois é secundário por natureza
O três coitado nem se fala
Se perdeu nas quinas da realidade

E continuam correndo
Como se o correr endireitasse o tempo
Ajuste de uma engrenagem fina
Eles querem a sua vida

Apenas em horário comercial
O resto que sobra
Que corram pelas ruas e avenidas
Se escondam nos becos e nos subúrbios

Mas segunda feira
Dia útil
O relógio não perdoa
Então corra que o tempo é curto

A vida é curta

Ah! Um dia ainda hão de acordar deste pesadelo
E quando este dia chegar
E as pernas pararem de correr nas ruas e avenidas

Irão perceber
Que quem corre não caminha
Quem olha não enxerga

Quem ouve não escuta

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Um murmúrio no silêncio


Que sei eu das coisas?
Escolhi o silencio como quem troca de roupa
Eis que vejo velhos discursos se reinventando
Velhos ódios correndo mentes liberais

E me escondo nesse silêncio
Vou consumido frases clássicas
Vivendo minha crise para com tudo
Sofrendo das desinformações diárias

Um ceticismo curtido
Vai invadindo as cabeças eruditas
O poder pelo poder
Invade todas as castas bem informadas

Até onde vão com estas disputas?
As vezes julgo até não haver disputa
Apenas carniceiros roendo as costelas deste Brasil
Desinformados

Ainda não sabemos o que somos
O Brasil alem do futebol
Estamos carregando esta novidade
Apurando nossos ouvidos internos

E para isso
Devemos ouvir os que nunca falaram
Mesmo que as palavras pareçam truncadas
Os olhos nunca mentem

Mesmo diante da mais profunda dicotomia
Os olhos nunca mentem
As palavras não tem donos
Elas tem oportunidades do entendimento

Me perdoem este murmúrio silencioso
É apenas agonia dos que calam
Reverberações de uma solidão programada

Sou servo e senhor de minhas palavras

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Errante no exílio


Todas as vezes que achei a verdade
A minha verdade que seja
Errei tão profundamente
Que o constrangimento me veio a face

Todas as vezes que fui confiante
Que não pensava no próximo passo
Errei em não duvidar do caminho
E as pedras ralaram meu joelho cansado

Todas as vezes
Que pus palavras no pensamento
Elas me ignoravam
Me escapavam pela porta da frente de casa

Velhas amigas confidentes
De minha solidão
Velhas companheiras
De minha ignorância para com o tudo

E eu ainda tento compreende-las
Ah! Como são profundos os abismos desta vida
Como são surpreendentemente novas todas as palavras
Mesmíssimas novidades diárias

É bom estar enganado de si mesmo
Erro necessário do porvir
Amanhã quando sol nascer no horizonte
Estarei certo que estou sempre a errar por ai


Errante solitário no exílio